A 262ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu reduzir a taxa de básica de juros em 0,25 ponto percentual, chegando a 10,50% a.a, conforme esperado pela GO Associados e pelo mercado. O resultado indica uma mudança no ritmo dos cortes do Comitê, que havia indicado cortar 0,50 p.p. na última reunião.
O comunicado do comitê ressalta que o ambiente internacional está mais incerto, principalmente em decorrência da flexibilização da política monetária dos EUA e da dinâmica de queda da inflação a ser observada em diversos países. A mudança da expectativa de corte do Fed Funds, que era prevista para maio, para setembro, gera fuga de capitais dos países emergentes para os EUA, bem como deprecia o cambio nacional. Ambos os fatores pressionam a inflação de 2024.
No cenário doméstico, é ressaltado um dinamismo do mercado de trabalho e de indicadores de atividade acima do esperada, podendo pressionar a inflação no final de 2024. Além disso, o comitê destaca a importância de uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida é crucial para a condução da política monetária.
O comitê aumentou em 0,3 p.p. sua projeção de inflação para 2024, esperando 3,8%, ainda dentro dos intervalos da meta para este ano (2,50% a 4,50%). Para 2025 o comitê aumentou a projeção de 3,2% para 3,3%.

(*) resultados já divulgados
Dentre os fatores de risco para a inflação, o comitê destaca:
Maior persistência das inflações globais;
Maior resiliência da inflação de serviços;
Desaceleração da atividade econômica global; e
Impactos do aperto monetário em decorrência da desinflação global
O comitê retirou do comunicado qualquer sinalização sobre os próximos passos da política monetária, como vinha sendo feito nas reuniões anteriores. A partir de agora, dinâmica inflacionária doméstica e a incerteza do mercado internacional serão cruciais para os próximos passos da política monetária.
Dos nove membros do comitê, cinco votaram a favor do corte de 0,25 p.p. (inclusive o presidente Roberto Campos Neto). Os quatro demais optaram por um corte de 0,5 p.p., dentre eles estão os diretores recém indicados pelo presidente Lula, inclusive Gabriel Galípolo que é o possível próximo presidente do Bacen.
O voto de Galípolo pelo corte de 0,5 p.p. pode sinalizar uma conduta diferente do Copom a partir do próximo mandato, cuja perseguição pela meta de inflação possa ser mais flexibilizada.
Vendas no comércio registram estabilidade em março e setor segue em alta no ano favorecido pelas melhores condições para consumo...
As vendas no comércio varejista registraram estabilidade em março. O resultado foi melhor que o esperado pelo mercado que estimava queda de 0,1%. Em fevereiro, houve alta de 1,0%.
No ano, o setor acumula crescimento de 5,9%, e no acumulado dos últimos 12 meses, alta de 2,5%. Na comparação com março de 2023, foi registrada expansão de 5,7%.
Com o resultado, o varejo registrou crescimento de 5,9% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2023, quinta alta consecutiva nessa comparação
No comércio varejista ampliado (inclui, além do varejo, as atividades de veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo), o volume de vendas recuou 0,3% em março.
Material de construção teve queda de 0,4%.
Veículos e motos, partes e peças caiu 1,4%.
No acumulado do ano, o setor registrou expansão de 4,6%, e nos últimos 12 meses, crescimento de 2,9%.
QUADRO 1. APÓS APRESENTAR PATAMAR RECORDE EM FEVEREIRO, VENDAS NO COMÉRCIO TEM ESTABILIDADE EM MARÇO

Fonte: Pesquisa Mensal de Comércio. IBGE
Nota: Número-índice com ajuste sazonal (2022=100)
Sete das oito atividades do varejo tiveram variação negativa em relação a fevereiro, com destaque para:
Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação teve o maior recuo (-8,7%). O grupo vinha de uma base mais alta, além disso a valorização do dólar impactou o setor que depende das importações.
Móveis e eletrodomésticos (-2,4)
Apenas Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,4%) apresentou alta no mês. Essa foi a terceira atividade com maior peso no mês, assim o crescimento do grupo explicou a estabilidade, compensando as quedas em atividades com menores impactos.
16 Unidades da Federação registraram variação positiva nas vendas do varejo, com destaque para:
Sergipe (3,7%), Bahia (3,1%) e Rio Grande do Sul (2,1%).
Com taxas negativas, destaque para:
Mato Grosso (-11,2%), Pará (-2,6%) e Tocantins (-1,4%).
A data comemorativa do Dia das Mães deve contribuir para um bom desempenho do setor no mês de maio. Segundo estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o volume de vendas do comércio varejista voltado para o Dia das Mães deverá atingir R$ 13,23 bilhões este ano, um avanço de 3,5% em relação ao ano passado. O destaque deve ficar com o segmento de vestuário, calçados e acessórios que costuma responder pela maior fatia das vendas, com previsão de alta de 2,1% em relação a 2023.
A CNC também revisou para cima a previsão de crescimento das vendas do varejo em 2024. A expectativa subiu de 1,6% para 2%.
O Índice de Confiança do Comércio (FGV IBRE) subiu 0,9 ponto em março para 90,4 pontos, recuperando parcialmente a queda de 1,0 ponto de fevereiro.
QUADRO 2. CONFIANÇA DO COMÉRCIO MOSTRA ALTA EM MARÇO

Fonte: Sondagem do comércio. FGV/Ibre
Nota: Índice Dessazonalizado
A recuperação do varejo tem sido favorecida por:
juros em patamares menores e melhores condições de crédito,
desempenho favorável do mercado de trabalho,
desaceleração da inflação,
O avanço da confiança dos consumidores e a melhora no endividamento das famílias também são elementos importantes para continuidade da recuperação do setor.
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